A Maioria dos eleitores de Taiwan votaram contra a separação da China

2024-01-29

Nas eleições presidenciais de dia 13 de janeiro, em Taiwan, Lai Ching-te, o atual Vice-presidente de Taiwan pelo Partido Progressista Democrático (DPP, em inglês), foi o vencedor com 5,5 milhões de votos.

 

A maioria da informação veiculada no Ocidente referiu que a população tinha apoiado a independência de Taiwan face à China.

 

Contudo, a realidade é diferente, apesar de o campo pró-independência (DPP) ainda ter conseguido ganhar com 40,05% dos votos expressos, tem continuado a reduzir a sua votação e influência política. Quem aumentou de votação e influência foram os dois candidatos que se opõem à estratégia de independência, conquistando cerca de 60% dos votos, totalizando 8,3 milhões votantes (HouYu-ih, do Kuomintang, com 33, 49% e Ko Wen-je, do Partido Popular de Taiwan, com 26,45%).

 

Nestas eleições votou-se simultaneamente para o parlamento e, mais uma vez, a maioria da população aumentou o seu apoio aos partidos que, de formas distintas, defendem uma aproximação ou uma aliança com a República Popular da China. O Kuomintang obteve mais 14 deputados e o Partido Popular de Taiwan ganhou 3 novos deputados. O partido atualmente no poder, o DPP, ao defender a militarização crescente e a interferência externa para facilitar a independência perante a República Popular da China, perdeu 11 deputados no parlamento da ilha (Yuan Legislativo).

 

Este caminho de interferência externa, por parte de alguns países do Ocidente, é extremamente perigoso para a paz no mundo. Com incentivo às forças independentistas, através da venda de armas em maior número e cada vez mais sofisticadas, viola os acordos das Nações Unidas e mesmo dos Estados Unidos da América com a China. A esmagadora maioria dos países do Ocidente aceitou, expressa e formalmente, o princípio de Uma Só China, segundo o qual os territórios históricos da China (Tibete, Xinjiang, Taiwan, Hong Kong e Macau), apesar dos graus de autonomia administrativa diversa concedidos pela China, são parte integrante da República Popular da China, implantada em 1949.

 

Consideramos que a estratégia Chinesa de “Um país, dois sistemas” é o enquadramento institucional necessário que pode resolver pacificamente as discordâncias existentes, com respeito pela diferença dos sistemas políticos existentes nos diferentes territórios, como ocorreu com Macau e com Hong Kong.

 

Neste âmbito foi estabelecido o “Consenso de 1992” entre a “Associação para as Relações entre os dois lados do Estreito de Taiwan” [organização civil da China continental - Association for Relations Across the Taiwan Straits (em inglês)] e a “Fundação para os Intercâmbios através do Estreito de Taiwan” (organização civil de Taiwan Straits Exchange Foundation. A realização de negociações permitiu que chegassem ao consenso, verbalmente expresso, de que “ambos os lados do Estreito persistem no princípio de uma só China”.

 

Estes acordos constituem-se, assim, como a base política para realizar e promover as negociações entre os dois lados do Estreito, com a recusa da instrumentalização de Taiwan, nomeadamente pelos complexos industriais militares de alguns países ocidentais, e com o respeito pela experiência histórica, económica e social atual de Taiwan e de todas as esferas da vida, em ambos os lados do Estreito de Taiwan.

 

As recentes propostas Globais da China de desenvolvimento Científico e Cultural, Económico e Social, Político e de Segurança, têm demonstrado capacidade de implementação, adaptabilidade e integração inclusiva das diferentes realidades à escala do Globo. O sucesso das iniciativas chinesas como as Novas Rotas da Seda, e a contribuição da China em múltiplas plataformas internacionais e multilaterais, como a ASEAN, o RCEP (Comprehensive Economic Partnership) e os BRICS+10 têm vindo a contribuir e a reforçar uma estratégia de diálogo diplomático para a distensão e pacificação de muitos conflitos, com o lento surgir de um novo Mundo Multipolar.

 

Rui Lourido

Historiador

Presidente do Observatório da China

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