
Antes vistos principalmente como símbolos de força e eficiência industrial, os robôs estão demonstrando seu potencial e capacidade como "guardiões da saúde" para os seres humanos, como ficou evidente na Conferência Mundial de Robôs (WRC, em inglês), em curso em Beijing.
Na movimentada área de exposições, visitantes circulam com confiança de olhos fechados, guiados por um robô hexápode em formato de cachorro, enquanto seguram uma bengala branca conectada ao equipamento.
"Desenvolvemos este robô hexápode para ajudar pessoas com deficiência visual a caminhar de forma segura e confortável", disse Fang Ling, CEO da Shanghai Jizhi Robotics.
Ele explicou que o robô, com um metro de comprimento e 20 kg de peso, mantém a estabilidade ao manter três pernas no chão durante o movimento. É capaz de evitar obstáculos e transpor degraus, calçadas e outros terrenos complexos, operando por até três horas com uma única carga.
"Nosso 'cão' robótico não é apenas forte de músculos, mas também inteligente de cérebro", afirmou Fang, destacando que, com o uso de lidar, o robô navega de forma autônoma e reconhece semáforos. Sensores equipados com modelos de inteligência artificial (IA) detectam o estado e as intenções de caminhada do usuário por meio de força e voz, possibilitando orientação e paradas seguras. Ele acrescentou que esses robôs já estão em uso nos aeroportos de Beijing e Shanghai.
Na cerimônia de abertura da WRC 2025, na sexta-feira passada, com o tema "Tornando os robôs mais inteligentes, tornando os agentes incorporados mais inteligentes", Qiao Hong, presidente da Organização Mundial de Cooperação de Robôs, apontou a cognição, a tomada de decisão e a segurança como tendências-chave para o desenvolvimento futuro de robôs inteligentes incorporados.
Na área médica, essa visão avança junto com a aplicação de robôs de IA incorporada em cirurgias e reabilitação.
Em maio, por exemplo, um paciente de 66 anos, com osteoartrite destrutiva e deformidade no joelho direito, foi submetido a uma cirurgia de substituição articular em cerca de 30 minutos, com o auxílio do robô cirúrgico ortopédico inteligente ROPA. O paciente conseguiu caminhar no mesmo dia e apresentou boa recuperação.
"Antes da cirurgia, o ROPA com IA calcula parâmetros e elabora um plano personalizado ao construir um modelo 3D dos ossos do paciente a partir de imagens de raio X e tomografia computadorizada", disse Zhang Yiling, fundador da Longwood Valley MedTech, desenvolvedora do robô. Ele acrescentou que, durante a cirurgia, um posicionamento óptico preciso em nível submilimétrico e um braço robótico estável garantem a execução exata do plano pré-operatório.
O cirurgião responsável, Chen Guoqiang, do Hospital Shijitan, de Beijing, afirmou que as cirurgias assistidas por robôs inteligentes podem reduzir tarefas repetitivas de corte ósseo, encurtar o tempo operatório e minimizar a perda de sangue. "Para os médicos, aprender a usar robôs cirúrgicos é uma tendência", disse ele.
Atualmente, os produtos médicos inovadores impulsionados por IA da Longwood Valley MedTech já foram implantados em mais de mil hospitais de ponta em mais de 30 regiões provinciais da China, atendendo a mais de 100 mil pacientes.
Em 2024, o mercado de robôs cirúrgicos na China ultrapassou 10 bilhões de yuans (US$ 1,4 bilhão), com equipamentos domésticos respondendo por 48,9%, um aumento de 30 pontos percentuais ante 2020, segundo relatório do Instituto de Pesquisa da Indústria Zhongyan Puhua.
No campo da reabilitação, a Shenzhen Deyeemed Medtech Co., Ltd. integrou IA aos seus robôs de fisioterapia, que contam com varredura corporal em tempo real, reconhecimento de pontos de acupuntura e geração de planos de tratamento personalizados. Seus braços mecânicos também simulam técnicas tradicionais de massagem chinesa, como empurrar, agarrar e amassar.
A Beijing AI-robotics Technology Co., Ltd., fabricante de robôs exoesqueléticos e prestadora de serviços de terapia, utiliza IA para oferecer treinamento de reabilitação para pessoas com limitações motoras nos membros inferiores. Os exoesqueletos da empresa imitam uma andadura biônica enquanto ajustam o ritmo por meio de um sistema de auto-adaptação.
Xu Guanghua, professor da Escola de Engenharia Mecânica da Universidade Jiaotong de Xi'an, afirmou que, embora os robôs estejam avançando em cirurgias e reabilitação, sua aplicação geral no campo médico ainda é incipiente.
"Os robôs estão prestes a desempenhar um papel maior nas consultas médicas e nos cuidados de saúde domiciliares, com um mercado enorme pela frente", disse Xu.