
O comércio China-África atingiu o recorde de US$ 295,56 bilhões em 2024, um aumento de 4,8% em relação ao ano anterior, marcando o 16º ano consecutivo em que a China permanece como o maior parceiro comercial da África.
Atualmente, com o apoio dos 10 planos de ação de parceria, as empresas chinesas e africanas estão aprimorando a colaboração em toda a cadeia industrial, impulsionando o avanço das relações e fornecendo um novo impulso para o crescimento econômico sustentável.
IMPULSIONANDO PRODUÇÃO LOCAL
Na Costa do Marfim, o Parque Industrial PK24, nos arredores de Abidjan, a capital econômica do país, está fervilhando de atividade. Um complexo de processamento de cacau recém-construído, a primeira fábrica moderna estatal do país, está prestes a ser inaugurado.
Construída pela China Light Industry Nanning Design Engineering Co., Ltd., a unidade tem capacidade para processar 50.000 toneladas de cacau anualmente e armazenar 140.000 toneladas. Trata-se de um marco importante na jornada do país para avançar na cadeia de valor global.
"Finalmente estamos processando cacau em nossas próprias terras", disse Ettien Kouakou Camille, um agricultor local, radiante de orgulho. "No passado, o cacau era exportado sem ser processado. Agora, as empresas chinesas estão nos ajudando a mudar isso."
Kobenan Kouassi Adjoumani, ministro de Estado e ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural da Costa do Marfim, afirmou que as empresas chinesas não estão apenas construindo fábricas, mas também trazendo soluções integradas para nos ajudar a aprimorar nossas cadeias de valor agrícolas. "A experiência da China em desenvolvimento agrícola é uma referência vital para os países africanos", afirmou.
Transformações semelhantes estão ocorrendo em todo o continente. Na Província Oriental de Ruanda, a Gashora Farm PLC está expandindo a produção de pimenta com o apoio da Hunan Modern Agriculture International Development Co., Ltd., da China. A parceria inclui melhorias de infraestrutura, como armazenamento refrigerado, instalações de secagem e expansão de terras agrícolas.
"O mercado chinês é enorme. Observamos uma forte demanda por pimenta seca de Ruanda", disse Dieudonne Twahirwa, diretora-gerente da Gashora Farm PLC.
Até o momento, a China estabeleceu cooperação em termos de capacidade com 15 países africanos e está envolvida em mais de 50 parques industriais em todo o continente, atraindo investimentos globais e fortalecendo a base industrial da África.
"A China se tornou não apenas um importante parceiro comercial para a África, mas também um importante apoiador na capacitação e transferência de tecnologia", afirmou Humphrey Moshi, diretor do Centro de Estudos Chineses da Universidade de Dar es Salaam.
DESENVOLVENDO TALENTOS QUALIFICADOS
Além da infraestrutura, a cooperação China-África tem enfatizado a formação profissional e o desenvolvimento de talentos.
Na periferia sul de Antananarivo, capital de Madagascar, mais de 3.000 trabalhadores locais em uma fábrica de roupas de cashmere de propriedade do Grupo King Deer Cashmere da Mongólia Interior, da China, transformam fios de alta qualidade em produtos prontos para exportação.
"Desde a criação da fábrica, treinamos mais de 20.000 profissionais têxteis em diversas funções", disse Xia Yonghai, gerente geral da empresa. "Muitos agora trabalham em empresas têxteis locais, ocupando cargos técnicos e gerenciais importantes."
Para Rivoherimanitra Niaina Rado, de 50 anos, que trabalha na fábrica há quase duas décadas, a jornada é incrível. "Comecei como estagiária e agora me tornei supervisora... O que mais me orgulha é de ajudar a trazer tecnologia avançada para Madagascar."
As empresas chinesas também estão impulsionando a demanda por habilidades profissionais em toda a África. Iniciativas emblemáticas como as Oficinas Luban promovem o aprendizado prático e voltado para a indústria em diversos países.
Cavince Adhere, um acadêmico de relações internacionais baseado no Quênia, disse que o investimento chinês e o envolvimento de longo prazo na África não apenas criaram empregos, mas também aumentaram significativamente a capacidade técnica da força de trabalho local por meio de treinamento sistemático.
As empresas chinesas fizeram contribuições vitais para o desenvolvimento de talentos na África, estabelecendo uma base sólida para o crescimento sustentável da África, acrescentou Adhere.
CONECTANDO MERCADOS GLOBAIS
A cooperação China-África também está facilitando a exportação de produtos africanos para os mercados globais por meio de várias plataformas.
No Quênia, a plataforma de comércio eletrônico Kilimall, fundada pela China, tornou-se um dos principais varejistas on-line da África Oriental. Um de seus principais vendedores, Hoswell Macharia, comercializa TVs produzidas localmente pela empresa Vitron, de capital chinês, gerando vendas anuais de 96 milhões de xelins quenianos (cerca de US$ 745.000).
"Cerca de 40% de nossos componentes agora são de origem local e planejamos aumentar ainda mais a localização com base na demanda do mercado", disse Hu Zhaoyang, diretor executivo da Vitron, que abriga investimentos chineses.
O vice-presidente da Kilimall, Wu Mixiang, disse que a crescente presença de fabricantes chineses na África significa que os varejistas locais têm acesso a produtos de melhor qualidade e mais acessíveis, o que se traduz em benefícios reais para os consumidores.
Outros gigantes chineses do comércio eletrônico, como Shein e Temu, também estão se expandindo na África, conectando empresas locais à economia digital global.
A China continua a abrir seu mercado para as exportações africanas. A partir de 1º de dezembro de 2024, concedeu tratamento tarifário zero em 100% das categorias de produtos a todos os países menos desenvolvidos com os quais mantém relações diplomáticas, incluindo 33 países africanos. Eventos como a Exposição Internacional de Importação da China, a Exposição Econômica e Comercial China-África (CAETE, em inglês) e a Feira de Cantão apoiam ainda mais os exportadores africanos.
"O mercado chinês realmente tem apetite por produtos quenianos... Estamos trabalhando com várias partes interessadas para consolidar as remessas de abacate Hass provenientes de todo o país", disse o exportador de abacate Newton Ngure em um evento promocional da CAETE voltado para o Quênia em abril. "É um momento oportuno para nos aventurarmos no mercado chinês."
Da infraestrutura e treinamento à produção e vendas globais, a cooperação industrial China-África está se aprofundando. À medida que o continente passa da exportação de matéria-prima para a criação de valor compartilhado, essa parceria está ajudando a estabelecer as bases para um crescimento independente de longo prazo e um futuro mais brilhante.